14 julho 2006

Message in a bottle...


6 de Março de 1994
Minha Querida Catherine,
Onde estás tu? E porque razão, interrogo-me sentado sozinho numa casa escurecida, fomos forçados a separar-nos?
Não conheço as respostas para estas perguntas, por mais que me esforce por compreender. A razão é evidente, mas a minha mente obriga-me a rejeitá-la e sou atormentado pela ansiedade durante todas as minhas horas de vigília. Sinto-me perdido sem ti. Sinto-me sem alma, um vagabundo sem casa, um pássaro solitário em voo para lado ninhum. Sinto todas essas coisas, e não sou absolutamente nada. Esta, meu amor, é a minha vida sem ti. Anseio por que tu me mostres como viver de novo.
Tento lembrar-me de como éramos em tempos, no convés ventoso de Happenstance. Lem bras-te como trabalhámos nele juntos? Tornámo-nos numa parte do oceano enquanto o reconstruíamos, porque ambos sabíamos que tinha sido o oceano que nos havia juntado. Era em alturas como essas que eu compreendia o sentido da verdadeira felicidade. À noite, velejávamos sobre a água enegrecida e eu contemplava o luar reflectindo a tua beleza. Olhava para ti com espanto e sabia no meu coração que estaríamos juntos para sempre. É sempre assim, pergunto-me, quando dias pessoas estão apaixonadas? Não sei, mas se a minha vida desde que te tiraram de mim serve de alguma indicação, então penso saber as respostas. A partir de agora, sei que estarei sozinho.
Penso em ti, sonho contigo, invoco-te quando mais preciso de ti. É tudo o que posso fazer, mas para mim não é o suficiente. Nunca será o suficiente, eu sei isso, mas que mais me resta fazer? Se aqui estivesses, dir-me-ias, mas até isso me roubaram. Tu sabias sempre as palavras certas para me apaziguar a dor que sentia. Tu sempre soubestes como fazer para que eu me sentisse bem por dentro.
É possível que saibas como eu me sinto sem ti? Quando eu sonho, gosto de pensar que sim. Antes de nos termos encontrado, atravessava a vida sem sentido, sem razão. Sei que, de alguma maneira, todos os passos que dei desde o momento em que comecei a andar eram passos dirigidos ao teu encontro. Estávamos destinados a encontrarmo-nos.
Mas agora, sozinho na minha casa, comecei a perceber que o destino pode magoar uma pessoa tanto quanto a pode abençoar, e dou por mim a perguntar-me por que razão-- de todas as pessoas do mundo que alguma vez poderia ter amado--tinha de me apaixonar por alguém que foi levada para longe.

1 Comments:

Blogger eudesaltosaltos said...

li o livro.... ha outros do autor que prefiro, mas a msg que este transmite é excepcional... e andas tao tristinha pq?

sexta-feira, 14 julho, 2006  

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